Saúde e Alimentação
Já fizeste algo pela tua saúde hoje?
(Por Marcela Prass Scheffler)
Sedentarismo, estresse e má alimentação são fatores de risco para a saúde. O ritmo de vida moderno contribui para a não-adoção de hábitos saudáveis, no entanto, não deve se tornar “desculpa” para os problemas apontados no check-up médico.
22% da população de Quinze de Novembro (município com 3.653 habitantes) é hipertensa, e 3,5% possui diabetes. Este número pode ser ainda maior, pois considera somente as pessoas que se submetem aos exames e, consequentemente, fazem parte do cadastro do sistema de saúde público municipal. Até hoje não foi realizado um estudo que indique as causas mais específicas deste elevado número de hipertensos e diabéticos no município. Predisposição genética e hábitos de vida não adequados são importantes fatores, todavia, outro dado que deve ser considerado neste caso é a elevada porcentagem de pessoas idosas, logo, mais propensas a estas doenças (20% da população têm mais de 60 anos de idade).
Lutar contra nossa carga genética herdada é impossível, afinal, por qual outro motivo uma pessoa que mantém hábitos saudáveis pode, sim, desenvolver doenças como estas? No entanto, colocar a culpa somente nos genes é comodismo. Hipertensão e diabetes, quando não podem ser curadas, podem ainda ser muito bem controladas com alguns cuidados básicos com a alimentação aliados a exercícios físicos.
Nossa cultura gastronômica não contribui muito para uma alimentação saudável. Principalmente nos pequenos municípios gaúchos, onde as bebidas e pratos típicos alemães e italianos se unem ao churrasco, o paladar e a consciência entram em conflito. O problema não está em degustar, mas sim em se esbaldar. Segundo os profissionais de saúde, as consequências da indisciplina são percebidas a longo prazo, no resultados dos exames médicos.
Para orientar e disciplinar as pessoas que estão com esses problemas, foram criados, em Quinze de Novembro, os “Grupos de Saúde”. Mensalmente, os diabéticos e hipertensos se reúnem, em grupos distintos (são 9 grupos de hipertensos e 1 de diabéticos), e realizam o acompanhamento que envolve verificação do peso, pressão arterial e do nível de glicose no sangue. Os encontros são realizados em todas as localidades do interior do município, além da cidade. Profissionais na área de saúde (técnicas em enfermagem, nutricionista e psicóloga) acompanham os encontros. Em caso de alteração nos exames, a pessoa é encaminhada à avaliação médica.
A participação nos grupos é uma condicionalidade para o recebimento da medicação necessária gratuitamente. Segundo a técnica em enfermagem Tânia Kogler, a grande maioria dos participantes dos grupos é disciplinada e consegue controlar a hipertensão e/ou diabetes. “É interessante observar como a cultura influencia. Dos nove grupos de hipertensos, de modo geral todos possuem um cuidado grande, cuidam da alimentação e controlam a alteração da pressão com poucos remédios. Mas tem um dos grupos, entre 60 e 70 participantes, que a gente percebe que de modo geral não cuidam da alimentação, sendo os que mais consomem medicamentos”, destaca a técnica, responsável pelo acompanhamento dos grupos.
A nutricionista Jamile Della Méa Werle fala sobre o trabalho que realiza com os grupos. O melhor caminho para a prevenção é, certamente, a educação. Também é preciso considerer que mais difícil, não é o acesso à informação, mas seguir as recomendações.