Cultura da Erva Mate

24/09/2011 00:19

 

Produção de erva mate como alternativa de renda

(Por Elenara Oliveira)

A erva mate é uma cultura herdada dos índios guaranis, que após ser processada tornou-se um dos produtos mais consumidos pelos gaúchos, considerada a bebida típica do Rio Grande do Sul.

 

Encontrar na erva mate uma fonte de renda. Esta foi a alternativa de Gilberto Frizzo, que se destaca cada vez mais na região pela qualidade apresentada pelo seu produto. “Não venço mais fazer erva”, declara ele. O produtor trabalha com erva há 18 anos e, há três, resolveu investir na sua própria produção. Porém, não planta a erva, ele compra a matéria-prima para, em sua propriedade no interior de Humaitá, fabricar a erva de forma artesanal.

 

 

No processo de produção, o primeiro passo é fazer o sapeco, que consiste em sapecar os galhos/folhas da erva-mate, num fogo intenso do carijo, para evitar o enegrecimento e deterioração em contato com o ar. Segundo ele, esta é a parte mais difícil. Depois da sapecagem, com a ajuda dos familiares, os pequenos ramos que contém folhas são arrancados dos galhos maiores e enfardados (feito maços) para serem levados ao forno tipo barbacuá, onde as folhas perdem totalmente a umidade, tornando-se quebradiças e de fácil trituração.

 

Após ficar cerca de 20 horas no forno com pouco fogo, onde o calor próximo aos 100ºC faz a secagem, os fardos de erva são retirados para então serem triturados, processo chamado de cancheamento. Esta parte do processo é feita pela esposa Suzana e pelo filho Gabriel, com um facão confeccionado de raiz de cerne. Após o cancheamento, a erva é ensacada e transportada para a marcenaria, onde é socada. Depois de socada, a erva é movida por uma turbina de água, então está pronta para ser embalada e consumida. “Este reaproveitamento é uma questão de economia, pois utilizo os galhos que comprei para fazer o fogo, nada se perde”, explica ele.

 

A produção rende cerca de 100 a 120 quilos por semana, os quais são comercializados em Humaitá e também em municípios vizinhos. Gilberto vende a produção dentro de sua propriedade para pessoas que se deslocam até lá para compra-la, além de aceitar algumas encomendas. “A procura é muito grande, a erva que produzo não basta para suprir a demanda de pessoas que vêm comprar. Graças a Deus esta foi uma alternativa de renda que encontrei e que deu certo, pois viver só da agricultura não dá”, acrescenta ainda.

A qualidade da erva é uma das grandes preocupações de Gilberto, que não usa mistura alguma na fabricação do produto. “Aqui a erva é pura, claro que não contento todo mundo, pois uns querem a erva mais forte, outros querem mais suave; já outros querem com pouca madeira, outros com mais; mas uma coisa é certa: meu sistema de fazer é sempre o mesmo e sou sempre honesto com o freguês”, finaliza.